Viva melhor com menos sal
A humanidade parece ter um problema
recorrente com o uso do sal [...]. O historiador
britânico Felipe Fernandez-Arnesto, da Universidade
de Notre Dame, nos Estados Unidos,
diz que, desde que os primeiros humanos
deixaram de ser nômades, houve um crescimento
explosivo do uso do sal. A ingestão
diária aumentou cinco ou seis vezes desde o
período paleolítico – com enorme aceleração
nas últimas décadas. A American Heart Association,
que reúne os cardiologistas americanos,
estima que mudanças no estilo de vida
provocaram aumento de 50% no consumo de
sal desde os anos 1970. Em boa medida,
graças ao consumo de comida industrializada.
A culpa pelo abuso do sal não deve,
porém, ser atribuída somente à indústria. A
maior responsabilidade cabe ao nosso paladar.
Os especialistas acreditam que a natureza
gravou em nosso cérebro circuitos que condicionam
a gostar de sal e procurar por ele –
em razão do sódio essencial que contém. A indústria,
assim como a arte gastronômica, responde
ao desejo humano. “É provável que o
sal seja tão apreciado porque tem a capacidade
de ativar o sistema de recompensa do
nosso cérebro”, diz o neurofisiologista brasileiro
Ivan de Araújo, afiliado à Universidade
Yale, nos Estados Unidos. Isso significa que
sal nos deixa felizes [...].
Com base nas repercussões negativas
na saúde pública, muitos médicos têm falado
em “epidemia salgada” e promovido um movimento
similar àquele que antecedeu as restrições
impostas ao tabaco e ao álcool. Desde
2002, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
faz campanhas para chamar a atenção sobre o
excesso de sal. O movimento que defende as
restrições ao sal já chegou ao Brasil. Na segunda
quinzena de junho, reuniram-se em
Brasília representantes do meio acadêmico,
da indústria de alimentos, técnicos do Ministério
da Saúde, da Agricultura e da Anvisa,
agência federal que regulamenta a venda de
comida industrializada e remédios. Como meta,
discutiu-se passar, emdez anos, de 12 gramas
per capita de sal por dia para os
5 gramas recomendados pela OMS. “Essa mudança
ajudaria a baixar em 10% a pressão arterial
dos brasileiros. Seria 1,5 milhão de pessoas
livres de medicação para hipertensão”,
diz a nefrologista Frida Plavnik, representante
da Sociedade Brasileira de Hipertensão
na reunião. Segundo ela, haveria queda de
15% nas mortes causadas por derrames e de
10% naquelas ocasionadas por infarto.
Fonte: Época. Seção Saúde & Bem-estar. 26 jul. 2010. p. 89-94. (adaptado)
O texto faz parte de uma reportagem, gênero textual de base dissertativa que, tipicamente, reúne várias fontes consultadas pelo jornalista na fase de levantamento de informações. Com relação ao texto, considere as afirmativas a seguir.
I - A informação sobre o momento em que o consumo de sal pelos seres humanos aumentou é apresentada por meio de um relato atribuído a umhistoriador britânico.
II - Uma causa da apreciação das pessoas pelo sal é apresentada por meio de citação atribuída a um nefrologista dos Estados Unidos.
III - Dados sobre uma possível diminuição de mortes de brasileiros como consequência da redução do consumo de sal são atribuídos a uma representante da Sociedade Brasileira de Hipertensão, retomada em“Segundo ela” (ℓ.54).
Está(ão) correta(s)
apenas I.
apenas II.
apenas III.
apenas I e III.
I, II e III.