OS SAPOS
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
–“Meu pai foi à guerra!”
–“Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano, aguado,
Diz: - “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
(...)
(Manuel Bandeira, in: Carnaval, 1919)
O poema acima foi declamado por Ronald de Carvalho em 15.02.1922, no Teatro Municipal de São Paulo. Tornou-se o hino precursor do Modernismo. Assinale a afirmação FALSA sobre o trecho. O poema:
critica a presunção dos poetas parnasianos que saem atrás dos “holofotes” da vida.
debocha quando associa a reclamação dos parnasianos ao coaxar dos sapos e quando usa termos depreciativos como “ronco”, “berra” e “aguado”.
ironiza aquilo de que os parnasianos se vangloriam: buscar rimas ricas, ritmar bem.
zomba da contradição existente entre a obsessiva seleção vocabular e o desconhecimento em rimar “termos cognatos”.
satiriza ostensivamente o perfeccionismo formal e, por extensão, o academicismo literário.